Saiba: Nossos Sistemas de pensamento
Entenda como funciona nossa forma de pensar para começar a parar de cair nas próprias armadilhas
Daniel Kahneman é um autor que recebeu prêmio Nobel de economia por conta de sua pesquisa e seu livro, o qual fala sobre duas formas como pensamos: rápido e devagar. Não é atoa que esse é o nome de seu livro, o qual super indicamos sua leitura. Nesse post iremos explicar de forma sucinta como funcionam esses dois sistemas de pensamento para depois tratar especificamente sobre características do Sistema Devagar (também chamado de Sistema 2) e como ele influencia com a nossa aquisição de novos hábitos.
Portanto, caso queira já saber como você pode utilizar desse conhecimento para criar novos hábitos ou remodelar os que já possui, vá ao tópico “Mudança de hábito”, mas recomendo fortemente que leia todo o nosso texto para ter uma melhor absorção do conteúdo. Passamos então para as explicações de cada sistema.
Sistema 1 (Sistema Rápido) - S1
Esse sistema é o que estará mais presente em nossas atuações de vida, sendo aquele que geralmente nos surpreende quando pessoas dão respostas rápidas em situações extremamente complexas, como por exemplo:
- um xadrezista prevendo em quantas rodadas irá vencer a partida;
- um médico dando o diagnóstico da pessoa com poucos procedimentos;
- um psicólogo já traçando o seu perfil a partir de certas ações suas;
Afinal, são coisas surpreendentes o que essas pessoas fazem, e as fazem justamente por terem usado várias vezes o Sistema 2 (Sistema Devagar) para a aprendizagem, permitindo com que automatizassem alguns processos e por isso têm respostas rápidas para certas situações. Um exemplo muito claro disso é quando aprendemos a dirigir.
No primeiro momento, gastamos muita energia nesse processo de aprendizagem, além de termos nossa atenção voltada para vários pontos. Nesse momento quem está sendo extremamente utilizado é o Sistema 2, tanto é que é bem comum de início olharmos para o câmbio na hora de trocar de marcha.
Na medida que aprendemos, o nosso cérebro começa a automatizar às ações, isto é, o nosso Sistema 1 (Sistema Rápido) começa a entrar em cena. A ideia disso acontecer é justamente para economizar energia, pois o Sistema 2 gasta MUITA ENERGIA (será importante essa informação para depois).
Assim conseguimos, depois dessa função ser passada para o Sistema 1, fazer outras atividades enquanto dirigimos, como por exemplo conversar com o passageiro, cantar uma música, etc… Durante o processo de aprendizagem a nossa atenção era totalmente focada para o ato de dirigir, isto é, o Sistema 2 estava extremamente sendo utilizado.
Nossa atenção estava destinada para os processos que estavam acontecendo, isto é, eu precisava pensar que primeiro precisava apertar a embreagem com o pé para depois colocar a marcha, depois soltar devagar a embreagem e começar a acelerar o carro para colocá-lo em movimento.
Sistema 2 (Sistema Devagar) - S2
Como podemos perceber, esse sistema é usado de maneira consciente, e justamente por isso que gasta mais energia do que o Sistema 1. Esse Sistema (2) também é utilizado quando queremos mudar de hábitos, e aqui é um ponto importante. Os hábitos são pertencentes do Sistema 1, até por isso que muitas vezes temos hábitos não saudáveis, mas nós não conseguimos pará-los, afinal, é algo muito automático.
O Sistema 2 fica em funcionamento constante, como se fosse uma espécie de “vigia”. Quando estamos com bastante disposição/energia, esse sistema consegue facilmente ser um freio para o Sistema 1, como por exemplo: estou fazendo uma prova e do nada começo a escutar uma chamada em algum carro de som fora da janela, o S1 rapidamente vai notar que existe um som diferente chamando a atenção. É nesse momento em que o S2 entrará em ação, pois ele que irá decidir onde que devemos manter o foco: carro de som ou a prova que estou fazendo. Se já estou muito cansado, a maior probabilidade é que irei prestar atenção no carro de som, porque é algo mais fácil do que raciocinar para a prova.
Outro pronto fácil para diferenciar o Sistema 1 do 2 seria através de contas matemáticas. Para responder quanto que é 2+2 você utiliza do S1, já para responder quanto que é 27X36 você terá que usar o S2 para saber da resposta. Porém, caso não se sinta motivado ou não tenha a disposição necessária para manter o pensamento sobre o raciocínio a ser desenvolvido, o S2 volta a ficar em estado de “standby” e vem o S1 de volta falando que você não sabe.
Mudança de Hábito
Enfim, a intenção do post é justamente chegar nesse ponto. Partindo do princípio que cada um tem o seu estoque de energia limitado para ser usado durante o dia-a-dia pelo Sistema 2, e que mudar uma atitude depende do mesmo, fica claro como devemos tomar cuidado com “mudanças drásticas” em nossa vida, correto?
Sabemos que existem pessoas que viram a chave e “do nada” mudam da água para o vinho, mas isso geralmente ocorre por um insight (compreensão/iluminação) muito profundo que a pessoa teve depois de várias experiências de vida. E é necessário entender que nem sempre teremos essas viradas de chave abruptas, porém hoje você pode começar a virar a sua de maneira consciente.
Então, voltando a despeito da quantidade limitada de energia, precisamos entender que é mais fácil conseguirmos mudar 1 hábito de cada vez do que todos ao mesmo tempo. Uma analogia bem legal a isso seria você ir na academia e treinar peito ao mesmo tempo que pula corda e treina equilíbrio no bozu. A chance de dar errado é gigantesca, não?
Será muito raro vermos essa cena acontecer na academia, mas isso geralmente acontece em nossas vidas quando queremos mudar de hábitos.
Baby-steps (tenha paciência)
Primeiramente precisamos ter paciência conosco mesmo, e para isso seria interessante selecionarmos apenas alguns hábitos que realmente queremos mudar. Lembre-se, quanto mais antigo for o hábito, possivelmente mais difícil será mudá-lo, portanto, mais energia terá que ser gasta. Para ter uma melhor paciência, sugiro que leia o nosso texto sobre compaixão, ele certamente irá te ajudar quando você acabar cometendo algum deslize nessa mudança (o que provavelmente vai).
Segundo, escolhido 1 ou 2 hábitos que queira mudar, tente ver como é que se dá o caminho desse hábito. Um exemplo pessoal é a minha procrastinação no YouTube. Por mais que eu me pegasse vendo vídeos e percebesse que aquilo estava me atrasando, eu ainda assim tinha dificuldade de parar – geralmente selecionava alguns vídeos e depois parava. Reparei como era fácil o meu acesso ao YouTube, pois tinha um ícone no meu navegador que me levava direto para lá, portanto o Sistema 1 já estava bem habituado, sendo que o Sistema 2 nem percebia direito a ação.
Apenas o fato de eu ter retirado o ícone do YouTube do meu navegador fez com que o processo de eu ter que entrar no site fosse mais consciente do que antes. Dessa maneira ficou muito mais fácil de eu conseguir frear a minha ação, pois eu consegui parar antes de ver um vídeo. Acredite, é muito mais fácil você não comer doce se não tiver doce na sua casa, agora se o doce já estiver na sua boca porque tinha na sua casa, será mais difícil.
Portanto, não conte com o autocontrole, pois essa regulação é do Sistema 2, e nem sempre ele terá energia o suficiente para impedir que um hábito danoso aconteça. Isto é, terceiro, tente ao máximo melhorar o seu ambiente externo para não ter que utilizar do autocontrole.
Ex.:
- Situação indesejável: Procrastinação por olhar o celular;
- Situação desejável: Escrever um blog-post e não procrastinar;
- Controle do ambiente: deixar o celular em outro cômodo fora do campo de visão;
Tente se divertir
Não é muito mais cansativo quando temos que realizar uma tarefa que é chata? Assim vale para quando queremos um novo hábito da qual não estamos motivados para. Se conseguirmos transformar esse processo de uma maneira lúdica, divertida ou empolgante, será muito mais fácil, pois iremos poupar nossa energia do Sistema 2, já que ele não precisará se autorregular com tanta frequência.
Um exemplo de autorregulação é quando vamos assistir um filme que gostamos, do qual nem percebemos o tempo passar. Agora quando vamos assistir uma aula EAD de algum professor que não gostamos, que provavelmente iremos nos pegar fazendo ou pensando em outra coisa. Isto é, nós gastamos menos energia do S2 quando fazemos atividades prazerosas, pois a autorregulação deixa de ser tão necessária.
Portanto, uma dica que podemos dar é tentar se espelhar em uma pessoa que você toma como exemplo, pois dessa maneira terá uma atividade mais reforçadora, afinal, irá cada vez mais estar perto de quem admira. Dê sempre elogios para ti quando conseguir realizar as tarefas que se propôs a fazer, e quando não conseguir, SE ACOLHA, e tente entender porque não conseguiu fazer.
Quando pontuo em “se espelhar”, é de fato tentar entender como é que funciona o entorno dessa pessoa e ver o que o ajuda e o que o atrapalha. Nem tudo você irá saber, mas é importante pensar através dessas lentes justamente para você não ficar cego pensando que foi puramente incompetência sua. Às vezes aquela pessoa que você espelha tem condições mais favoráveis para realizar determinada tarefa, ou então já tem os conhecimentos necessários.
Deixamos bem grande o “se acolha” porque tendemos rapidamente a nos punir quando deixamos de fazer algo que queríamos. Porém a punição só irá aumentar a minha dor, transformando em sofrimento. Afinal, se eu já errei, eu já estou mais longe da pessoa que eu admiro, então porque preciso me punir mais do que isso? Novamente recomendamos, caso não tenha lido ainda, a leitura do post de autocompaixão.
Conclusão
Enfim, espero que tenha entendido que não podemos dar tiro para tudo que é lado, e que precisamos ter paciência com o nosso processo de aprendizagem. Lembre-se, você caiu várias vezes quando criança ao tentar andar de pé, e mesmo assim não desistiu e ficou todo feliz porque conseguiu chegar no seu objetivo. Busque essa motivação sua de criança e seja o seu próprio incentivador!
E, caso queira ajuda para consolidar novos hábitos saudáveis, a terapia pode ser uma ótima ferramenta para isso. É só clicar abaixo e falar com a gente. Até mais!
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